Trinta e três

Cheguei aos 33 anos e resolvi me dar de presente esse post, já me precavendo quanto ao vazio de não ter a homenagem anual da minha mãe. Ela sempre se antecipava, talvez por querer ser sempre a primeira a me parabenizar. Acho curioso porque mesmo que não me dissesse nada (coisa que nunca aconteceu), ela tinha o posto eterno de primeira parabenizadora. =)
Meu aniversário, por mais que de maneira simples, sempre era celebrado. Tínhamos aqueles bolos que ela costumava decorar com as frutas que tínhamos em casa ou nos anos mais abastados, comprava um bolo de alguma amiga da igreja.
No meu primeiro aniversário longe dela, quando nos mudamos pra Irlanda em 2013, fiquei bem emotiva e percebi que meu aniversário não era uma data somente minha, como costumava pensar, mas sim nossa, o mundo deixou de ser “Neomacêntrico”…rs

Mais um ano de vida, mais um ciclo encerrado e outro iniciado.
Quero pra Isabel que ela sempre tenha recordações felizes de seu aniversário, assim como eu tive (e imagino que esse seja o desejo de toda mãe…rs). Nada exuberante ou majestoso, sem grandes presentes ou super festas. Mas um dia feliz, perto de gente que a ama e com alguma coisa doce pra comer, porque nem só de pão vive o homem hehehe

Falando em Isabel, nesse ano, não fizemos uma festinha picnic como ano passado, além das restrições pelo COVID, tínhamos acabado de mudar de casa e nem mesmo luz tínhamos…rs Foram dias de aventura e inovação, com lanternas na cabeça, banhos gelados e comidas preparadas em fogão de acampamento.
Ao menos o segundo ano da gordinha foi um dia feliz, de muito amor, doçura e novidades. Ainda sobre a pequena, as novidades são tantas que nem mais consigo sumarizar! Ela repete tudo o que falo e muitos dos gestos também, me acabo de rir, e algumas vezes me acabo de rir por dentro porque isso de educar mantendo uma postura firme pra ser respeitada é um baita desafio…rs Ela vive dizendo seu próprio nome, e o diz com sotaque espanhol “I – ça – bél”, também adora contar ainda que atrapalhadamente, gira e pula o dia inteiro, canta horrores principalmente na hora de dormir, a música do momento é “cai cai bãão aqui na mão cai não cai na ua do babãããão”. Tudo ela quer saber o nome “Quiisso?”, já tem bastante noção do que é altamente proibido “ese no póde” e alguma noção do que pode de vez em quando “ese póde, si?” No geral, ela continua uma menina muito boazinha, atenta, comunicativa, meiga, simpática, sorridente e algumas vezes escandalosa, só pra não dizer que sou muito babona hahaha Tem dormido bem mas ainda acorda de vez em quando de madrugada, sorte que volta a dormir rapidinho de volta.

Bom, mudamos de casa porque percebemos que a vida na cidade não mais atendia nossas demandas e o pós quarentena nos fez rever nossas prioridades. Agora vivemos em um pueblo, tipo interiorzão, fica meia hora de Valencia de carro e mesmo com todos os perrengues de casa nova, todos os dias agradeço a Deus pela vida aqui. Das janelas de casa vejo montanhas, passarinhos, pés de laranja e abacate, um castelo e o mar, uma paisagem de tirar o fôlego. No começo da rua tem uma igrejinha linda, do século XVII, onde fomos muito bem recebidos. Aqui as pessoas cumprimentam quando estamos passando na rua, tem bastante espaço pra atividades outdoor (trilha, playground, bicicleta, correr, etc.), a arquitetura conta muita história e a paz e tranquilidade reinam. Isabel e eu não poderíamos ter ganhado um presente melhor de aniversário =)
Pra não dizer que tudo foram flores, no dia seguinte do aniversário da neném, o Di começou a passar mal e fomos parar no hospital. Fazendo de uma história longa, curta, ele estava com uma úlcera que estourou e ficou alguns dias internado. Graças a Deus o atendimento médico foi ótimo e ele já está novinho em folha. O susto foi bem grande, enorme e serviu mais uma vez como um recordatório de como nossa vida é sensível e num piscar de olhos, tudo pode mudar brutalmente. Graças a Deus também temos muitos anjos nessa vida que nos ajudaram nesse momento tenso! ♥

Agora temos luz, os banhos quentes são muito valorizados e apreciados, o forno funciona e pasmem, temos internet! =D A vida é boa! Enquanto escrevo esse post, tá uma super chuva lá fora, o que me possibilita uma trilha sonora natural bem relaxante do barulho da água e do vento uivando. Encerro o post já agradecendo a todas as felicitações que receberei e dizendo que minhas mídias sociais estão bem abandonadas, principalmente o Facebook, então me desculpo por qualquer possível desatenção que tenha permitido.
Bjo e tchau!

Trilha sonora do post:
Jimmy Cliff – I can see clearly now
https://www.youtube.com/watch?v=MrHxhQPOO2c